Resenha: Monster Vols. 1 e 2, Naoki Urasawa, Panini Comics/Planet Mangás (Shogakukan)

País de Origem: Japão
Ano de Publicação: 1995
Ano da edição brasileira atual: 2012
Tradução: Dirce Miyamura
Nº de páginas: Vol. 1: 228 pág./Vol. 2: 220 pág.
Edições originais incluídas: Vol. 1: capítulos #1 a #8/Vol. 2: capítulos #9 a #16
Coleção: Monster (são 18 volumes, finalizada em 2015 no Brasil)
Demografia: Seinen

Sinopse: O doutor Kenzou Tenma é um neurocirurgião japonês que trabalha em um famoso hospital alemão. Ele é considerado o melhor neurocirurgião do lugar e faz as operações mais delicadas e difíceis. Em uma de suas cirurgias o doutor Tenma deixa de atender um trabalhador turco que sofreu um acidente e que estava na frente, para operar um famoso cantor de ópera alemão. Tudo para manter a fama do hospital. Só que ao encontrar a esposa e a filha do turco que estão inconsoladas, Tenma se dá conta de que deixou de cuidar de um paciente e ele morreu, para salvar a vida de um figurão. Assim, o médico passa a discutir a política do hospital que se preocupa mais com sua reputação do que com os pacientes. E isso faz com que o neurocirurgião tenha atritos com o diretor do hospital, o Doutor Heinemann. Isso faz com que o médico japonês comece a perder todo o seu prestígio como médico respeitado.



MINHA EXPERIÊNCIA DE LEITURA


Entrei de vez no mundo dos mangás. E como estou na vibe de ler quadrinhos com temática adulta, e fugindo o máximo possível das histórias de super-heróis (a não ser que sejam HQs muito boas nesse tema), procurei pelos melhores títulos japoneses da demografia seinen (como geralmente são classificados por lá os quadrinhos adultos). Um dos títulos mais elogiados nos sites especializados é ‘Monster’, obra do consagrado mangaká Naoki Urasawa (‘20 Century Boys’ e ‘Pluto’).

‘Monster’ é um thriller sensacional, e a história começa com o surgimento, na Alemanha Ocidental da década de 1980, de um jovem e brilhante cirurgião em um dos hospitais mais renomados do país. Kenzo Tenma migrou do Japão para a Alemanha em busca de uma carreira promissora como neurocirurgião. Ele começa a ascender social e profissionalmente dentro do hospital, chegando, inclusive, a se tornar noivo da filha do diretor geral. No entanto, um acontecimento abala suas crenças profissionais: ele foi o escolhido para salvar um importante paciente, mas em troca teve de abandonar um caso de um paciente turco que acabou por falecer. A partir de então ele passa a crer que todas as vidas são iguais, e que nenhuma deve ser priorizada em detrimento de outras, principalmente por razões egoístas (politicagem, status, poder). Essa nova crença o faz salvar uma criança ao invés do prefeito da cidade quando esse último tem um derrame. Essa escolha traz terríveis consequências para ele, tanto imediatamente quanto anos depois.

Urasawa desenvolve seus personagens de forma espetacular. No primeiro volume, que traz os capítulos #1 a #8, somos apresentados a personagens muito complexos em um contexto histórico e social muito delicado: a Alemanha dividida pré e pós-queda do muro de Berlim. O Dr. Tenma tem princípios morais muito elevados e excelentes motivações, e isso destoa do ambiente de manipulação e busca por status social no qual está inserido. Mas nem tudo é tão preto e branco assim. Tenma – e o leitor – descobre, ao longo dos capítulos, que não é tão fácil assim identificar os vilões e os mocinhos, e que fazer o que é certo é um conceito muito relativo. Ele descobre que existe um monstro por aí – daí o nome do mangá -, uma quase representação do mal absoluto em forma de gente. Mas será que realmente existe mal absoluto? Como é possível que ele exista?

No segundo volume, com os capítulos #9 a #16, começamos a mergulhar junto com o Dr. Tenma na busca por respostas e pelo passado do monstro, o serial killer da história. Aqui o autor começa a soltar os fios de uma enorme e complexa rede que vai muito além do que nós e o protagonista esperávamos. Fica claro que esta não é apenas mais uma simples história de ‘busca pelo serial killer’, ‘mocinhos versus vilões’ ou algo do tipo, pois ‘Monster’ é um grande mergulho na psicologia e natureza humanas e no contexto político e social de um momento muito delicado da História recente.


DESENHOS


Estou impressionada com a habilidade de Urasawa em compor rostos e cenários extremamente expressivos e transmitir para o leitor todos os sentimentos, conflitos internos e terror da história. Destaque para quando o autor mostra o rosto do serial killer: não é o tipo de rosto que esperamos, e isso faz dele ainda mais assustador. A composição dos quadros é muito sóbria, combinando muito bem com o tom da história. O uso generoso de sombras torna o enredo mais impactante e os momentos tensos ainda mais claustrofóbicos para o leitor.







VEREDITO


Monster é uma obra que me ganhou desde as primeiras páginas. Extremamente adulta, com uma trama envolvente e personagens que chegam a impressionar, é uma prova que existem excelentes mangás para gente grande, e que a cultura japonesa, por meio dos quadrinhos, tem muito a oferecer a todo tipo de leitor.

Leitura imperdível!

Nota:
5/5


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*Todas as edições da Panini estão esgotadas na data deste post. 

*Monster também tem um anime. Mas só vou assistir quando terminar o mangá, e faço uma resenha sobre ele aqui.


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