Resenha: A saga do Monstro do Pântano – Livro Dois, Alan Moore & Stephen Bissete, Panini Comics (Vertigo)
Ano
de Origem: 1984 a 1985
Ano
da edição brasileira atual: 2014
Tradução:
Fabiano Denardin e Eduardo Tanaka
Nº
de Páginas: 228
Edições
Incluídas: The Saga of The Swamp Thing
#28 a #34 e Swamp Thing Annual #2
Coleção:
A Saga do Monstro do Pântano (livro 2 de 6)
Sinopse: De 1983 a 1987, um jovem escritor britânico chamado Alan Moore revolucionou os quadrinhos dos Estados Unidos. Sua ousada abordagem na série do Monstro do Pântano, da DC Comics, definiu novos padrões para a narrativa gráfica e desencadeou uma revolução na nona arte que repercute até os dias de hoje. Partindo das premissas de horror gótico do título e construindo um marcante e intuitivo estilo narrativo e uma profundidade de caracterização sem precedentes, a visão de Moore foi traduzida assombrosamente em belos desenhos de colaboradores como Stephen Bissette, John Totleben, Shawn McManus e Rick Veitch. O resultado é uma das mais duradouras obras-primas dos quadrinhos.
MINHA EXPERIÊNCIA DE LEITURA
O
segundo livro da ‘Saga do Monstro do Pântano’ faz jus ao gênero terror e constrói
bases mais profundas e sólidas para alguns personagens, como o próprio Monstro
do Pântano, Abigail Cable e seu marido, Matt. Nas edições #28 e #29, “O
enterro” e “Amor e morte”, o Monstro retorna à sua vida normal no pântano e
Abigail ao seu casamento com Matt. Tudo parece ter entrado nos eixos. Parece.
No arco passado Matt fez uma escolha, e ela acaba tendo eco nos acontecimentos
deste livro.
Arcane,
o maldito demônio inimigo mortal do Monstro, retorna nas edições #30, #31 e
anual #2, “Auréola de moscas”, “Balé de enxofre” e “Descida entre os mortos”. Essas
três edições são, sem sombra de dúvida, o ponto alto do livro dois. Quem já leu
qualquer coisa de Alan Moore sabe que, não importa qual gênero ele escreva -
seja super-heróis, distopia, fantasia ou terror -, o mago da nona arte sabe
como ninguém ser aterrorizante, visceral e cruel com seus personagens e seus
leitores, e ao mesmo tempo poético. E aqui ele faz isso.
O
Monstro do Pântano desce ao inferno para buscar o que é mais precioso a ele.
Sua pequena/grande jornada épica é estranha e louca, em um lugar infestado de
demônios e de toda sorte de podridão, e eu como leitora me senti perdida
naquele lugar junto com o personagem. Essa ligação sentimental que Moore
consegue fazer entre o leitor e o Monstro é sensacional. Ele nos mostra um ser
terrível, poderoso e amedrontador sentindo medo, medo de verdade, dor, chorando
sua perda, desesperado e perdido. De algo totalmente desconhecido, o Monstro do
Pântano passou a ser um dos meus personagens favoritos de todos os tempos.
As
edições #32 e #33 trazem histórias fechadas que não me agradaram tanto assim,
para ser sincera. No entanto, para fechar o livro com chave de ouro, temos a
história “Rito de primavera” na edição #34. Nela nós vemos o Monstro declarar
seus sentimentos para sua amada, e Alan Moore, de uma forma brilhante, encontra
uma forma deles se unirem através da relação sexual. Mas, meu caro leitor, não
é uma simples relação carnal. Moore cria uma experiência catártica,
alucinógena, arrebatadora, e para passar essa sensação para o leitor ele usa
uma forma de diagramação na HQ que, à época, era totalmente inovadora, e que
funciona até hoje. Sensacional.
DESENHOS
Stephen
Bissete na arte e Tatjana Wood na colorização formam uma dupla impecável. As cores
escuras e muito vivas do pântano (destaque para os tons de verde), os traços
quase “desleixados” em alguns momentos, para transmitir a sensação de horror e
estranhamento, e a sutileza das expressões faciais dos personagens (destaque
para os olhos do Monstro) formam um conjunto que pode ser descrito como uma
grande experiência em termos de narrativa visual. Brilhante.
VEREDITO
Ler
‘A saga do Monstro do Pântano’ tem sido um dos meus maiores prazeres atualmente,
e também um aprendizado. Ler Alan Moore é estudar a história da evolução
da nona arte, e como ela deixou de ser uma diversão para criancinhas e se
tornou o complexo e super influente meio de comunicação que é hoje em dia. Aliados
a essa bagagem que vem com algumas das primeiras histórias brilhantes da
carreira do grande escritor inglês, o leitor tem em mãos uma infinita fonte de
diversão, poesia e, porque não, filosofia, das formas mais primitivas às
mais sofisticadas. Genial, onírico, poético, profundo, indispensável.
Recomendadíssimo!
Nota:
5/5
Obs.:
A edição está esgotada... Aguardamos uma reimpressão pela Panini (pra
variar!).
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