Resenha: Hellblazer Infernal Vol. 2 – Sangue Real, Garth Ennis, John Smith, Will Simpson, Steve Dillon & Sean Philips, Panini Comics (Vertigo)

País de Origem: EUA
Ano de Origem: 1992
Ano da edição brasileira atual: 2014
Tradução: Eduardo Tanaka
Nº de páginas: 196
Edições Incluídas: Hellblazer #49 a #55
Coleção: Hellblazer Infernal

Sinopse: Não é sempre que John Constantine – para alguns o maior mago do mundo, para outros o maior picareta místico a andar sobre o planeta – tem a chance de se sentir contente. Os anos investidos em seu conhecimento do oculto e no aperfeiçoamento de seu julgamento afiado custaram caro e tiveram o preço pago em sangue – seu, de seus amigos e de inocentes apanhados em uma guerra pagã em busca de poder. Depois de salvar o mundo algumas vezes e vencer tanto o Diabo em pessoa quanto um câncer de pulmão, parece que o trabalho árduo deu frutos e Constantine finalmente começa a se sentir senhor da situação. Mas John tem muito pouco tempo para celebrar entre as investigações de um macabro assassino em série e as maquinações contra o Senhor do Inferno…



MINHA EXPERIÊNCIA DE LEITURA

Este é o segundo encadernado com as histórias da fase do Garth Ennis escrevendo sobre o mago John Constantine, e traz as revistas #49 a #55 do título Hellblazer. Começa com três histórias fechadas, sendo uma de terror psicológico (confusa, mas boa) que na verdade foi escrita por John Smith, uma sobre o encontro de Constantine com o Rei dos Vampiros (que se parece com o Drácula de Bram Stoker) e uma sobre ’O Senhor das Danças’, uma figura presente nas lendas inglesas. Dos três contos, o último é de longe o melhor, com um tom muito divertido e sarcástico.

Mas o melhor do encadernado é o arco ‘Sangue Real’, continuação direta do anterior Hábitos Perigosos. Garth Ennis utiliza como plot a possessão pelo demônio Calibraxis (o açougueiro do inferno) de um membro da família real inglesa (pela aparência física dos desenhos dizem tratar-se do Príncipe Charles[i]), o que faz com que o homem se torne um assustador assassino em série e cometa crimes muito parecidos com os cometidos na Londres vitoriana por Jack Estripador[ii]. Inclusive a explicação que o autor dá para os crimes cometidos em 1888 pelo serial killer mais famoso da História é de que ele era alguém ligado à Coroa que foi possuído pelo mesmo demônio.

Constantine, dada a sua fama, é chamado por Marston, uma espécie de “protetor” da família real, para fazer o exorcismo. Ennis debocha o tempo todo da Coroa inserindo no roteiro um clube que é frequentado pela nata da sociedade britânica em que todo tipo de sadismo é permitido, desde perversões sexuais a tortura de animais. E Marston argumenta que é melhor aqueles que têm o poder nas mãos aliviarem a tensão no clube do que cometendo barbaridades contra o povo através da política.

‘Sangue Real’ não é, nem de longe, tão bom quanto ‘Hábitos Perigosos’, mas isso não quer dizer que seja ruim. Um ponto alto é observar o desenrolar do calmo relacionamento de Constantine com Kit, em detrimento de todos os outros conturbados aspectos de sua vida. É como se Kit fosse o oásis no macabro e árido mundo do mago inglês. Inclusive ele promete a ela o tempo todo de que não vai levar o seu trabalho para casa e permitir que interfira na vida deles. Isso deixa no ar de que algo pode dar muito errado nas próximas histórias. Afinal de contas, todo mundo que vira amigo ou namorada do cara se ferra.


DESENHOS

Apesar de ter me habituado um pouco mais com os desenhos de Will Simpson (estranhei bastante seu traço em ‘Hábitos Perigosos’), continuo achando que ele não é o melhor dos desenhistas. Mas, de alguma forma, o seu traço sujo e às vezes muito disforme combina bem com o tom da série e passa para o leitor, com competência, o horror presente nos momentos mais macabros do roteiro. Senti fortes emoções (leia-se nojo e medo) nas cenas mais sangrentas. Ou seja, a arte funciona.


VEREDITO

Uma leitura divertida, mas não indispensável. No entanto, recomendo que você a leia caso queira acompanhar toda a fase de Garth Ennis a frente do título. Lembrando que essa fase é considerada a melhor de Hellblazer, por fãs e críticos.

Recomendada!

Nota:
3/5

Obs.: Este volume encontra-se esgotado.

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