Resenha: A saga do Monstro do Pântano - Livro Um, Alan Moore & Stephen Bissete, Panini Comics (Vertigo)
Ano
de Origem: 1983
Ano
da edição brasileira atual: 2014
Tradução:
Fabiano Denardin e Eduardo Tanaka
Nº
de Páginas: 212
Edições
Incluídas: The Saga of The Swamp Thing
#20 a #27
Coleção:
A Saga do Monstro do Pântano (livro 1 de 6)
Sinopse: De 1983 a 1987, um jovem escritor britânico chamado Alan Moore revolucionou os quadrinhos dos Estados Unidos. Sua abordagem revolucionária na série do Monstro do Pântano, da DC Comics, definiu novos padrões para a narrativa gráfica e desencadeou uma revolução na nona arte que se reflete até os dias de hoje. Partindo das premissas de horror gótico do título e construindo um marcante e intuitivo estilo narrativo e uma profundidade de caracterização sem precedentes, a visão de Moore foi traduzida em assombrosamente belos desenhos de colaboradores como Stephen Bissette, John Totleben, Dan Day e Rich Veich. O resultado é uma das mais duradouras obras-primas dos quadrinhos.
MINHA EXPERIÊNCIA DE LEITURA
A
revista periódica do personagem Monstro do Pântano, da DC Comics, estava para
ser cancelada no começo da década de 80 por causa do fracasso nas vendas. Os
editores da DC, então, convidaram um jovem escritor inglês que estava ficando em
evidência por suas histórias na revista britânica 2000 A.D., para tentar
revitalizar o título. Deram carta branca para que ele fizesse o que quisesse com
o personagem: afinal de contas não tinham nada a perder. Na edição nº 20, em
sua estreia, Moore já mostrou a que veio provocando grandes mudanças
conceituais e na história pregressa e futura do Monstro do Pântano. Na edição
nº 21 de título “Lição de Anatomia” ele iniciou um arco que viria a ser um dos
mais bem escritos e impactantes na indústria dos quadrinhos de todos os tempos.
Apesar
de tratar-se de um título de terror, a abordagem totalmente adulta de Moore, e
os conceitos profundamente filosóficos que aborda (a busca por identidade,
sempre mutável e em dúvida, e os limites daquilo que se entende por relação
amorosa) tiveram tamanho impacto que influenciam os quadrinhos até hoje.
Lembre-se que ainda não havia Watchmen ou O cavaleiro das Trevas e os quadrinhos ainda eram vistos como
leitura para crianças. Além de tornar a revista, que estava praticamente sendo
cancelada, campeã de vendas nos EUA, Moore ajudou a DC a encontrar um novo
nicho de mercado entre os leitores adultos. Nascia assim o selo Vertigo.
“O selo Vertigo
foi fundado assim que os quadrinhos mais maduros da DC começaram a ter sucesso
na segunda metade dos anos 80, inaugurado pela segunda fase da revista Monstro do Pântano e continuando com Watchmen
e Sandman. Ao fundar o selo Vertigo a editora DC
pretendia atrair escritores que queriam publicar esse tipo mais profundo (e
pesado) de história, sem ter que se preocupar sobre ofender pais preocupados
com o que seus filhos poderiam estar lendo. Numa época em que quase todos os
nomes famosos nos quadrinhos eram de desenhistas, e a maioria das companhias
estava pondo a arte acima da história, a Vertigo era a única linha de
quadrinhos a pôr os roteiristas em primeiro lugar.” - Wikipedia
Ler esse primeiro livro foi
uma experiência e tanto. Não é segredo que Alan Moore é meu roteirista
favorito, e lê-lo sempre é uma experiência e tanto. O escritor inglês tem uma capacidade
absolutamente genial, que ele também demonstra nesta HQ, de tornar o que antes
era vulgar e efêmero em complexo e importante sem, no entanto, deixar tudo
complicado. Ele consegue fazer o leitor mergulhar o mais fundo possível e mesmo
assim continuar enxergando a luz do sol na superfície.
Eu nunca havia lido nada
sobre o personagem – e nem é preciso para entender a fase do Alan -, mas Moore
o recriou de tal forma que sua estranheza e sua humanidade, digladiando-se, me
conquistaram. A HQ é de terror, e é aterrorizante. Mas não é o Monstro do
Pântano o elemento assustador da obra. Você o ama logo de cara. Assustador é
tudo o que o rodeia, inclusive os seres humanos.
DESENHOS
O
traço de Stephen Bissete é sujo, mas muito bonito. A colorização de Tatjana
Wood, com cores fortes e vivas, típica dos anos 80, enchem os olhos e enriquem
a arte. Aqui temos um casamento perfeito entre roteiro e arte.
VEREDITO
Só
por seu valor histórico, esta obra já valeria a leitura. Não bastasse isso, ela
é resultado do gênio criativo de Alan Moore em sua melhor forma. Ou seja, uma
história relevante, madura e bonita. Somam-se a isso a arte de Stephen Bissete
e a linda colorização de Tatjana Wood. Leia e depois volte aqui para me
agradecer a indicação.
Leitura obrigatória!
Nota:
5/5
Obs.: A edição está esgotada... Aguardamos uma reimpressão pela Panini (pra variar!).
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