Resenha: Pequena Abelha, Chris Cleave, Intrínseca
Juliana Gervason, que tem um dos melhores blogs literários (se não o melhor) que conheço, "O Batom de Clarice", fez um comentário em seu blog sobre esse livro. E foi através desse comentário que eu me interessei pela obra. E que bom que descobri esse livro, que é absolutamente fabuloso, irretocável, tão bom que não parece ser de verdade! Tenho uma forte impressão de que ele estará na minha lista dos 10 melhores livros que li em 2014. Vejam as críticas abaixo que ele recebeu de alguns dos maiores jornais e revistas do mundo:
The Guardian
"Ambicioso e arrojado."People
"Impressionante."
Seattle Post-Intelligencer
"Brilhante."
The Washington Post
"Vai extasiar você."
The Boston Globe
"Um dos personagens mais vívidos, memoráveis e provocativos da nova ficção contemporânea... Cleave imprime um belo ritmo à história, dosando-a com inteligência, compaixão e, mesmo nos momentos mais sombrios, um fulgurante raio de esperança."
Financial Times
"Fascinante observação da realidade... um livro que se tem vontade de ler sem parar até o fim."
Booklist
"Cleave é um narrador com nervos de aço, seu romance é ameaçador e deslumbrante como a própria vida."
The Gloss (Irlanda)
Sinopse: Não queremos lhe contar o que acontece nesse livro. É realmente uma história especial, e não queremos estragá-la. Ainda assim, você precisa saber algo para se interessar, por isso vamos dizer apenas o seguinte: essa é a história de duas mulheres cujas vidas se chocam num dia fatídico. Então, uma delas precisa fazer uma escolha que envolve vida ou morte. Dois anos mais tarde, elas se reencontram. E tudo começa... Depois de ler esse livro, você vai querer comentá-lo com seus amigos. Quando o fizer, por favor, não lhes diga o que acontece. O encanto está, sobretudo, na maneira como a narrativa se desenrola...
O autor Chris Cleave demonstra, ao longo do livro, ser um cara de sensibilidade ímpar. Ele tem a capacidade de contar uma história - que se cruza com outras várias - extremamente triste, brutal (sobre uma garota nigeriana refugiada tentando sobreviver com a ajuda de uma jornalista londrina) com leveza. A inocência de uma criança refugiada oriunda de um pequeno povoado africano, que se vê de repente em uma metrópole em um país tão distante e diferente do seu, é por vezes divertida. Não divertida do tipo que te faz gargalhar. Mas que te faz dar aquele sorriso meio tristonho, meio esperançoso. Porque você percebe que a vida sempre arruma um jeito de continuar em meio ao caos. É como a água que faz novos caminhos quando se depara com obstáculos.
Mas mais do que contar a história de alguns personagens, esse livro conta a triste história de um país e de um povo largados à própria sorte. Lançado em 2009, "Pequena Abelha" mostra a realidade cruel dos conflitos movidos pela disputa por petróleo na Nigéria e que massacra, todos os anos, inúmeros inocentes. Clique aqui para informações detalhadas sobre esses conflitos no país africano e aqui para informações sobre uma notícia mais recente: o terrível sequestro de 200 meninas nigerianas por um grupo islâmico. A situação dos civis na Nigéria é mesmo de muito sofrimento.
E além de nos conscientizar, de nos fazer conhecer essa realidade que nos passa despercebida, o livro toca em uma questão fundamental: os problemas de pessoas que não conhecemos, oriundas de lugares longínquos, são também nossos problemas? É impossível não se colocar no lugar da personagem que vê sua vida e rotina totalmente modificadas com a chegada da garotinha nigeriana. Ela empreende todos os esforços para ajudá-las - mesmo recebendo vários conselhos para não fazê-lo. O que faríamos em seu lugar? Aliás, por que não fazemos nada? A aparência normalidade do dia-a-dia de nós que vivemos em zonas aparentemente seguras, em países aparentemente civilizados, com nossa rotina de sempre, nos faz esquecer o quanto diversas partes do mundo estão submersas no caos e que os Direitos Humanos são, a cada minuto, totalmente ignorados. Em países como o Brasil nós podemos nos dar ao luxo de discutir os Direitos Humanos de presidiários, enquanto em países como a Nigéria crianças são mutiladas, dilaceradas, estupradas e vendidas TODOS OS DIAS. E ninguém faz nada concreto para mudar isso.
"Pequena Abelha" não é uma leitura divertida. Não mesmo. Mas é uma leitura mais fácil do que parece ser. E é uma leitura que nos modifica. Acredite, você não será a mesma pessoa depois que ler essa obra.
Nota:
Para adquirir esse livro, clique aqui.
Li este livro há algum tempo e realmente, não é uma leitura fácil. Não consigo esquecer a parte em que é descrito a personagem escutando os ossos de sua irmã serem quebrados. É uma leitura que te lembra o quão abençoado você é de não ter em seu país disputa por petróleo, disputas raciais etc. É um livro marcante, com certeza.
ResponderExcluirMe lembro bem dessa parte do livro, é mesmo bem triste.
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