Resenha: Cordilheira, Daniel Galera, Companhia das Letras
“Cordilheira”
confirmou a excelente primeira impressão que eu tive de Daniel Galera após ler
“Barba ensopada de sangue”: o cara é bom, escreve bem demais, tem argumento,
seus livros têm conteúdo elaborado, as histórias e as personalidades dos
personagens não são nada rasas. Literatura brasileira contemporânea de primeira
e romances que mexem com a cabeça do leitor – quebrando nosso status quo psicológico - falando de
pessoas perdidas em busca de um novo recomeço é a especialidade de Galera.
Sinopse: Recém-saída de um relacionamento amoroso e ainda sob impacto do suicídio de uma amiga, uma escritora resolve aproveitar o lançamento da tradução argentina de seu romance, considerado pelo público e pela crítica uma das melhores surpresas da nova literatura brasileira, para passar uma temporada em Buenos Aires. Primeiro título da coleção Amores Expressos, em que autores brasileiros escrevem histórias de amor ambientadas em diversas cidades do mundo, Cordilheira gira em torno de um recomeço: ao se envolver com um misterioso fã argentino e conviver com seus amigos de hábitos bizarros, a protagonista começa a deixar o passado para trás e a se tornar algo que ainda não sabe bem o que é. Mas, diferentemente dos romances anteriores de Daniel Galera, a perspectiva não é a do universo masculino, e sim a de uma narradora sem receio de encarar os próprios abismos emocionais.
Fonte: http://www.skoob.com.br/livro/739
Ao
contrário de “Barba ensopada de sangue”, neste livro temos uma mulher como
protagonista, e confesso que fiquei impressionada com a forma brilhante com que
o autor explorou o psicológico da personagem. Ele mergulhou fundo na psique feminina ao retratar uma escritora, que é uma mulher
culta, bela e interessante, mas que nada contra a corrente: não quer atuar no
papel de mulher moderna e independente, quer ser a mulherzinha de um homem,
quer ser mãe e cuidar do seu exemplar da espécie masculina e não quer mais escrever. Mas não pense que o
livro é machista. Não é nada disso.
Galera
é mestre em retratar indivíduos que não se encaixam no lugar em que estão e vão
à procura de algo que talvez não saibam definir bem o que é, e nos lugares para
onde vão descobrem que, mais uma vez, não se encaixam, em um ciclo
aparentemente interminável de busca pelo autoconhecimento.
“Cordilheira”
faz parte de uma coleção da Companhia das Letras chamada “Amores Expressos”, em
que alguns autores brasileiros viajaram para algumas das principais capitais do
mundo para escrever histórias de amor ambientadas nessas cidades. Buenos Aires
é a cidade em que “Cordilheira” se ambienta. Vale lembrar também que o livro
foi ganhador do "Prêmio Machado de Assis" em 2008, da Biblioteca Nacional.
Devorei
a obra em praticamente um dia. Leitura leve, curta, que soma. Recomendadíssimo!
Nota:
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