Resenha: Mãos de Cavalo, Daniel Galera, Companhia das Letras

A escrita de Daniel Galera é sempre muito visceral, pontuada de “arquivos de memórias” de seus personagens e com uma carga emocional muito grande. Suas obras podem parecer enfadonhas (ou, em outras palavras, com pouca ação) para os leitores desatentos, mas é válido ressaltar que não se deve ler Galera à procura de ação. Não espere uma Literatura fácil, mastigada e pronta para ser engolida. O melhor está sob a superfície e, acredite, você vai precisar cavar.

Sinopse: Mãos de Cavalo começa com capítulos curtos, escritos em terceira pessoa, que tratam de episódios aparentemente díspares: o tombo de bicicleta de um garoto de dez anos numa rua vazia da zona sul de Porto Alegre; uma partida de futebol entre adolescentes do condomínio Esplanada, também na capital gaúcha; e os preparativos de um cirurgião plástico bem-sucedido que, em companhia de um amigo, pretende viajar à Bolívia para escalar o Cerro Bonete, façanha até então inédita. Esses acontecimentos vão aos poucos se conectando no tempo e no espaço dramáticos, e compõem uma delicada trama sobre memória, perda e culpa.
Fonte: http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=12106

Neste livro, como no resto de sua obra (à exceção do livro “Cordilheira”), o autor conta a história a partir do ponto de vista de seu protagonista masculino. Temos aqui, também, todos os elementos que permeiam “Baba ensopada de sangue”, que é considerada a melhor obra de Galera: a busca pela grandeza, a fome de provar sua coragem e bravura, a dificuldade em compreender e lidar com os sentimentos da mulher que ama e de fazê-la feliz e um repentino desejo por isolamento e busca por suas origens, como forma de redenção e autoconhecimento.
Na obra as cenas do protagonista já homem feito são entrecortadas por suas lembranças de quando era apenas um garoto. Lembranças essas que são de acontecimentos aparentemente triviais na vida de um adolescente, mas que ficariam indelevelmente marcados em sua memória e ajudariam a moldar sua personalidade.  

Um livro cheio de diálogos rápidos e interessantes e que fazem as páginas passarem rapidamente sem que você se dê conta. O tipo de obra que faz você continuar pensando nela por um tempo e que te transforma, de alguma forma, em algum grau. Considerado por alguns críticos como um representante do que há de melhor no cenário da Literatura Contemporânea Brasileira, merece ser lido, discutido e refletido por todos. Recomendadíssimo!

Nota: 







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