Especial Literatura Ateísta - II


Essa é a segunda parte da série de publicações em que estou indicando os melhores livros sobre ateísmo e religião disponíveis em português.


4 - Em nome de Deus, Karen Armstrong

Sinopse: Em Em nome de Deus , Karen Armstrong, analisa os movimentos fundamentalistas que se desenvolveram nas três religiões monoteístas - judaísmo, cristianismo e islamismo. Seu ponto de partida é o ano de 1492, data em que ocorreram três fatos marcantes para cristãos, muçulmanos e judeus - a descoberta da América, a conquista de Granada e a expulsão dos judeus da Espanha. Depois de analisar as origens do extremismo religioso entre adeptos das três grandes crenças, Armstrong focaliza os judeus ultra-ortodoxos que se opuseram ao sionismo e que ainda hoje se opõem ao Estado de Israel; os protestantes americanos que em 1925 condenaram um professor por ensinar a teoria da evolução a seus alunos e mais recentemente se dedicam, entre outras coisas, a atacar clínicas de aborto; os sunitas radicais que, insurgindo-se contra o Estado secular no Egito, assassinaram seu presidente, em 1981; e os xiitas que derrubaram a monarquia Pahlevi e instituíram um Estado teocrático no Irã. Fonte

Breve Comentário: Karen Armstrong é uma ex-freira católica e renomada historiada da religião, nascida em 1944, cuja maior parte de sua produção acadêmica se desenvolveu após seu desligamento com a religiosidade. Formada pela Universidade de Oxford, comentarista de religião em programas de televisão, autora de artigos no jornal britânico The Guardian e integrante de um programa promovido pela ONU para promover pontes de diálogo entre o Ocidente e o mundo islâmico, a Karen possui inúmeros livros fundamentais na estante de qualquer entusiasta de religião, religioso ou não, e essenciais para que os ateus tenham um entendimento mais realista e histórico da religião e desprovido do desprezo com que autores como Richard Dawkins e Sam Harris (com alguma razão, temos que admitir), também essenciais na nossa biblioteca, preenchem muitas das páginas de suas obras.

5 - Quebrando o encanto, Daniel Dennett

Sinopse: A polêmica em torno das religiões não chega a ser uma novidade, mas o novo livro de Daniel Dennett é capaz de mudar, para melhor, o nível e o conteúdo desse debate. Filósofo e estudioso consagrado de evolução humana, o norte-americano é um ateu convicto e busca, com sua nova obra, "Quebrando o Encanto", discutir a crença humana nas religiões a partir de uma questão fundamental: por que o homem crê na existência de seres superiores e lhes confere o estatuto de divindade? Quem espera, como parecem sugerir o título do livro e o currículo do autor, uma resposta biologizante, ou seja, a defesa da idéia de que a religiosidade é inata ao ser humano e, portanto, poderia ser explicada geneticamente, vai se surpreender com livro. Na verdade, Dennett defende a tese de que a humanidade não tem nenhuma programação biológica que a conduza à crença, mas, no entanto, esse comportamento pode ser explicado a partir do processo de evolução e seleção natural. Em vez de genes, Dennett utiliza o conceito de meme, cunhado por Richard Dawkins (autor do polêmico O gene egoísta): o meme é como um programa de computador adaptado ao aparelho biológico humano e que depende dele para continuar existindo. Ou seja, a religião é apreendida culturalmente, mas está de tal forma arraigada no “sistema operacional” (genético) humano, tal qual um parasita, que é naturalizada pelos próprios humanos como se fosse algo que lhes pertence intrinsecamente.

O problema, para Dannett, é que a religião, diferente de outras memes, como a cultura democrática ou a própria ciência, não teria mais nenhum papel na evolução humana. Diferente de outros tempos, quando foi fundamental para que os seres humanos, únicos animais que se perguntam sobre a própria existência, conseguissem atingir coesão social e, principalmente, pudessem dar sentido tanto a sua própria vida como seu maior medo — a morte –, a religião agora perdeu sua função positiva e, pelo contrário, significa uma barreira para a evolução.
 Fonte

Breve Comentário: Daniel Dennett é um proeminente filósofo estadunidense nascido em 1942 e formando na Universidade de Harvard em Filosofia no ano de 1963. As pesquisas dele se prendem principalmente à filosofia da mente (relacionada à ciência cognitiva) e da biologia. Dennett permite ao ateu um entendimento mais aprofundado do fenômeno das religiões como um produto do cérebro, da evolução e da biologia. Certamente, 'Quebrando o encanto' é outro livro fundamental na estante.

6 - O futuro de uma ilusão, Sigmund Freud

Sinopse: Qual o futuro da humanidade? Este é o ponto de partida de “O futuro de uma ilusão”, ensaio escrito por Sigmund Freud (1856-1939) em 1927, em pleno e agitado período entreguerras. Se a cultura humana repousa precariamente sobre a repressão de impulsos antissociais naturais a todos, a religião é a principal força a controlar estes impulsos, o que nos leva à outra pergunta: qual a origem psicológica da necessidade do sentimento religioso no indivíduo? O que, em cada pessoa, a torna propensa a crer num sistema irracional, indemonstrá­vel e de recusa à realidade? Freud demonstra que a religião (“a neurose obsessiva universal da humanidade”) depende de sentimentos infantis não resolvidos e afirma ser ela, bem como seus dogmas, a culpada pela atrofia intelectual da maior parte dos seres humanos. Para Freud, a fim de o homem se organi­zar razoável e saudavelmente sobre a Terra, livre de ilusões, urge uma mudança radical nas formas de educação – que ele defende magistralmente neste texto breve mas impactante, tan­to hoje quanto na época de sua publicação. Fonte

Breve Comentário: Sigmund Freud é o pai da psicanálise e dispensa quaisquer apresentações. Com "O futuro de uma ilusão" temos o grande estudioso discorrendo sobre a origem psicológica da religião e como ela pode ser recortada da futura história da humanidade. Mais uma obra fundamental.



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