Resenha: Persépolis, Marjane Satrapi, Cia. das Letras
Existe
um tipo de HQ, ou graphic novel, que é
bem diferente dos quadrinhos da Marvel e da DC. Nela não há super-heróis,
supervilões e superpoderes. Há apenas histórias da vida real contadas com
sensibilidade e lindos traços. Muitos desses relatos são autobiográficos. E uma
dessas lindas HQs que li recentemente foi Persépolis, da iraniana Marjane
Satrapi.
Sinopse: Marjane Satrapi tinha apenas dez anos quando se viu obrigada a usar o véu islâmico, numa sala de aula só de meninas. Nascida numa família moderna e politizada, em 1979 ela assistiu ao início da revolução que lançou o Irã nas trevas do regime xiita - apenas mais um capítulo nos muitos séculos de opressão do povo persa. Vinte e cinco anos depois, com os olhos da menina que foi e a consciência política à flor da pele da adulta em que se transformou, Marjane emocionou leitores de todo o mundo com essa autobiografia em quadrinhos, que só na França vendeu mais de 400 mil exemplares. Em Persépolis, o pop encontra o épico, o oriente toca o ocidente, o humor se infiltra no drama - e o Irã parece muito mais próximo do que poderíamos suspeitar.
Fonte: http://www.skoob.com.br/livro/182
Nesta
HQ Satrapi conta sua história de vida e parte da história recente do Irã, sua
terra natal. Inclusive muitos dos acontecimentos se confundem com algumas das
fases mais importantes de sua vida. O relato conta como, em 1979, aconteceu uma
revolução conhecida como “Revolução Islâmica”, que mudou profundamente os
hábitos, as leis e costumes do país. A partir de então, jovens como Satrapi,
que recebiam uma educação laica no modelo dos países europeus, passaram a ter
que usar véu, estudar em escolas onde as doutrinações religiosa e ideológica
eram de praxe e separadas dos meninos. Essas foram algumas das mudanças que
fizeram parte da chamada de “Revolução Cultural”.
A
partir de então muitos acontecimentos políticos e religiosos definiram o futuro
do Irã. As liberdades individuais foram praticamente banidas, os intelectuais e
rebeldes que se opunham ao regime foram calados e conflitos civis e militares
foram travados. Muitos morreram. Principalmente, muitos inocentes. E Satrapi,
que teve a felicidade de ser filha de pais esclarecidos, de mente aberta e
muito compreensivos, teve que conviver e aprender com as mudanças políticas que
ocorriam e com as más notícias e provações que vinham aos borbotões, ao mesmo
tempo em que crescia, lendo muito e aprendendo a conviver com opiniões e
pessoas diferentes.
Persépolis
é sobre como um país pode sofrer por causa de seus maus governantes. É sobre as
diferenças culturais e de opinião. Sobre o perigo do maniqueísmo. Mas é
principalmente sobre como uma garotinha pode se transformar em uma grande
mulher em um meio cheio de dificuldades e que tenta podá-la. Persépolis é uma
história verdadeira, e imperdível.
Os
desenhos são da própria Marjane, e são diferentes de tudo o que eu havia visto.
Traços muito bonitos, apesar da simplicidade, e cheios de expressão.
Nota:
Este livro está na minha lista de leitura há algum tempo. Parece ser muito bom, mas achei o traço um pouco diferente do que já vi em HQ deste tipo. Li Retalhos e ele também tem este tom autobiográfico.
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