Resenha: Cachalote, Daniel Galera & Rafael Coutinho, Quadrinhos na Cia.
Na minha aventura de ler toda a
obra de Daniel Galera – que não é extensa, visto ele ser um escritor jovem e
nada prolífico – após ter me encantado com “Barba ensopada de sangue” (veja
resenha aqui), fiquei sabendo da existência de um quadrinho roteirizado pelo
autor. Juntei a fome com a vontade de comer e li “Cachalote”, com desenhos de
Rafael Coutinho, outro brasileiro.
Sinopse: Um escultor recebe um inusitado convite para protagonizar um filme cujo roteiro parece estranhamente inspirado em sua vida privada. Um jovem vendedor de uma loja de ferragens, adepto da dominação sexual com cordas, descobre que a linda garota por quem se apaixona é particularmente frágil e suscetível ao seu fetiche favorito, o que os conduz a um perigoso embate. Um astro decadente do cinema chinês vem ao Brasil para o lançamento de um filme e torna-se suspeito da morte de seu companheiro de cena. Um playboy mimado e arrogante é expulso de casa pelo tio e enviado à Europa para se virar sozinho. Um escritor deprimido e sua ex-esposa, pais de uma menina, encontram-se em parques e lanchonetes de São Paulo, procurando manter o vínculo afetivo. Por fim, uma velha senhora grávida e solitária vaga por sua mansão e tem encontros oníricos com uma baleia cachalote na piscina de sua casa.
Somando mais de trezentas páginas, as tramas são amarradas por temas e subtextos recorrentes, tais como o confronto dos personagens com acontecimentos drásticos ou misteriosos que transformam suas vidas, a conciliação da vida com a arte e a tentativa de preservar o afeto e o amor em relacionamentos ameaçados por circunstâncias adversas.
Fonte: http://www.skoob.com.br/livro/109696ED121861
Para ser sincera, não foi o
melhor e nem um dos melhores quadrinhos que já li na vida. Não, não o estou
comparando com obras do mainstream
como as HQs da Marvel, DC e Vertigo. Esse é um quadrinho que não fala de
super-heróis, monstros ou fantasia: é uma história (na verdade, várias
histórias de personagens diferentes que não se cruzam, mas convergem para um
fim) que não tem paralelo, crua e realista, e pode ser colocada – não em termos
de qualidade, veja bem, mas de estilo simples e realista – ao lado de “Maus”,
“Persépolis”, “Retalhos”, “Fun Home”, embora não seja autobiográfica como todas
elas são.
Os traços de Coutinho são diferentes
do que um leitor de quadrinhos está acostumado. Acho que casa bem com a
história, mas não são fantásticos. Os enquadramentos cumprem a sua função, mas
nada que vá além disso. Resumindo: a obra não é ruim, mas é facilmente
esquecível. Por causa disso não recomendo a HQ, a não ser para fãs do Daniel
Galera ou para quem queira, assim como eu, conhecer toda a obra do autor. Mas,
se ele é fantástico como escritor, é um tanto mediano como roteirista de
quadrinhos.
Nota:
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