Papo HQ: Quadrinhos bons Vs Quadrinhos Ruins
The Wicked + The Divine: uma ótima HQ que está saindo há um tempo pela Image e que ainda não chegou ao Brasil. Por quê? |
Na nona arte temos premiações nacionais
e internacionais, como o Eisner Awards e o Festival D'Angoulême (França) que
ocorrem anualmente. Além dessas premiações, críticos,
curadores e veículos especializados são importantes para destrinchar as obras e
fazer análises que podem enriquecer a leitura de nós, leitores comuns, além de
servirem de guia para separarmos o "joio" do "trigo".
Mas, mesmo nós, os leitores comuns de quadrinhos, nos tornamos críticos cada vez mais exigentes com o passar do tempo. Eu leio quadrinhos há pouco mais de 2 anos e sinto que o meu gosto foi ficando cada vez mais apurado. Histórias genéricas de super-heróis, vide alguns dos títulos recentes dos Novos 52 - DC Comics e Marvel Now - Marvel, não me apetecem mais; títulos com um hype altíssimo atualmente e que vendem muito, mas como não agregam nada à minha vida eu deixo passar; obras que servem apenas para completar coleções na estante ou que apenas possuem edição e lombada bonitas, mas sem conteúdo, não me interessam... Eu me tornei uma leitora exigente, e isso é muito bom!
Porém, infelizmente nem todos os leitores pensam como eu: os quadrinhos de super-heróis - mesmo os ruins - ainda lideram o mercado; excelentes quadrinhos como os da IMAGE não são lançados no Brasil porque vendem pouco; leitores barbados estão mais preocupados com as novas polêmicas envolvendo o Watchmen no Rebirth da DC e o novo status do Capitão América do que com boas histórias (e as editoras criam essas polêmicas justamente para venderem quadrinhos); muitos quadrinhos nacionais de péssima qualidade são exaltados pelos críticos aparentemente apenas por serem nacionais; leitores fresquinhos preferem não comprar clássicos como "A Saga do Monstro do Pântano" e "A Patrulha do Destino" porque as edições possuem papel pisa-brite ao invés de um papel mais luxuoso; dentre outras coisas.
Além disso, os veículos midiáticos que falam de quadrinhos, tais como os sites de críticas ou vlogs do Youtube muitas vezes priorizam falar dos títulos mais famosos das grandes editoras e do que está saindo nas bancas e livrarias atualmente, pois isso gera mais views. Na verdade, é o paradoxo do que veio primeiro, o ovo ou a galinha: os leitores não leem as obras mais desconhecidas porém de maior qualidade porque os resenhistas não falam delas ou os resenhistas não falam delas porque a galera não se interessa e não as lê? Fato é que o brasileiro lê pouco e, embora tenha havido um crescimento notável no mercado de HQs no país nos últimos anos, as coisas ainda engatinham por aqui.
Recentemente ouvi um podcast do site UniversoHQ e fiquei impressionada com a diferença do mercado europeu para o nosso. Segundo informações do podcast, na França eles priorizam a qualidade em detrimento de qualquer outra coisa, e apenas coisas realmente muito boas são publicadas. Já o nosso mercado parece estar muito mais atrelado ao norte-americano, já que o brasileiro adora tentar seguir as modas yankes. A galera quer ler o que está bombando lá - mas que seja da Marvel ou DC, e dos mesmos personagens de sempre. E agora temos os filmes de heróis que estão "bombando" nas telinhas e que fazem com que as editoras aproveitem o hype para publicar títulos de qualidade muito duvidosa, sabendo que a galera vai correr às comic shops e, no caso do Brasil, às bancas para comprá-los.
O jeito é nós, os leitores exigentes, garimparmos com cuidado os melhores títulos e comprarmos o que realmente vale a pena, nem que seja na Amazon gringa. Não podemos ficar dependentes do mainstream do mercado brasileiro (leia-se das editoras e posts patrocinados por elas nos sites de críticas). Os sites de scans estão aí também para nos salvar. Existem sites especializados em traduzir as obras da Image (Guardiões do Globo, excelente por sinal), em traduzir quadrinhos europeus desconhecidos no Brasil, títulos mais desconhecidos da Marvel, DC e Vertigo que estão fora de catálogo no Brasil ou ainda nem chegaram aqui e podem não chegar e que são muito bons, mangás que nunca foram - e talvez jamais serão - publicados aqui e são excelentes.
Por Nanda Lima, uma leitora apaixonada por quadrinhos bons de verdade.
* Papo HQ é uma nova coluna do blog criada para discutirmos sobre o mercado de quadrinhos e quaisquer outras ideias relacionadas à Nona Arte, de um jeito informal, mas com os pés no chão.
Porém, infelizmente nem todos os leitores pensam como eu: os quadrinhos de super-heróis - mesmo os ruins - ainda lideram o mercado; excelentes quadrinhos como os da IMAGE não são lançados no Brasil porque vendem pouco; leitores barbados estão mais preocupados com as novas polêmicas envolvendo o Watchmen no Rebirth da DC e o novo status do Capitão América do que com boas histórias (e as editoras criam essas polêmicas justamente para venderem quadrinhos); muitos quadrinhos nacionais de péssima qualidade são exaltados pelos críticos aparentemente apenas por serem nacionais; leitores fresquinhos preferem não comprar clássicos como "A Saga do Monstro do Pântano" e "A Patrulha do Destino" porque as edições possuem papel pisa-brite ao invés de um papel mais luxuoso; dentre outras coisas.
Além disso, os veículos midiáticos que falam de quadrinhos, tais como os sites de críticas ou vlogs do Youtube muitas vezes priorizam falar dos títulos mais famosos das grandes editoras e do que está saindo nas bancas e livrarias atualmente, pois isso gera mais views. Na verdade, é o paradoxo do que veio primeiro, o ovo ou a galinha: os leitores não leem as obras mais desconhecidas porém de maior qualidade porque os resenhistas não falam delas ou os resenhistas não falam delas porque a galera não se interessa e não as lê? Fato é que o brasileiro lê pouco e, embora tenha havido um crescimento notável no mercado de HQs no país nos últimos anos, as coisas ainda engatinham por aqui.
Recentemente ouvi um podcast do site UniversoHQ e fiquei impressionada com a diferença do mercado europeu para o nosso. Segundo informações do podcast, na França eles priorizam a qualidade em detrimento de qualquer outra coisa, e apenas coisas realmente muito boas são publicadas. Já o nosso mercado parece estar muito mais atrelado ao norte-americano, já que o brasileiro adora tentar seguir as modas yankes. A galera quer ler o que está bombando lá - mas que seja da Marvel ou DC, e dos mesmos personagens de sempre. E agora temos os filmes de heróis que estão "bombando" nas telinhas e que fazem com que as editoras aproveitem o hype para publicar títulos de qualidade muito duvidosa, sabendo que a galera vai correr às comic shops e, no caso do Brasil, às bancas para comprá-los.
Strangers in Paradise, um quadrinho consagrado que as editoras não publicam no Brasil. Por quê? |
O jeito é nós, os leitores exigentes, garimparmos com cuidado os melhores títulos e comprarmos o que realmente vale a pena, nem que seja na Amazon gringa. Não podemos ficar dependentes do mainstream do mercado brasileiro (
Por Nanda Lima, uma leitora apaixonada por quadrinhos bons de verdade.
* Papo HQ é uma nova coluna do blog criada para discutirmos sobre o mercado de quadrinhos e quaisquer outras ideias relacionadas à Nona Arte, de um jeito informal, mas com os pés no chão.
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