Dossiê: Marjane Satrapi, uma dama nos quadrinhos
Dados Pessoais
Marjane Satrapi é uma escritora,
desenhista, ilustradora, roteirista e diretora de cinema iraniana, nascida em 22
de novembro de 1969 na cidade de Rasht, formada em Comunicação Visual pela
Faculdade de Belas Artes da Universidade Islâmica Azad, Teerã, e radicada na
França.
Resumo da carreira de escritor
Satrapi estudou no liceu francês em Teerã,
onde passou sua infância, e teve uma educação que combinou a tradição da
cultura persa com valores ocidentais e de esquerda. Além disso, seus pais eram
intelectuais que ensinaram à autora a pensar por si mesma, gostar de livros e a
amar a liberdade de expressão. No entanto, com o começo do regime do aiatolá
Khomeini no Irã em 1980 Satrapi, então com 11 anos, se viu obrigada a colocar
um véu na cabeça para ir à escola. O colégio em que estudava, que antes
permitia que meninos e meninas assistissem às aulas juntos, teve de separá-los.
Além disso, a morte de parentes, amigos e as diversas injustiças que passou a
presenciar em seu país, e sua postura de desafio frente às autoridades e às
regras impostas fez com que seus pais decidissem mandá-la para a Áustria e lá continuar
sua educação nos moldes ocidentais. Nos anos de exílio, em Viena, ela sofreu com
o preconceito contra seu país. “Na época, o Irã era o mal, e ser iraniana era
um peso”, escreveu.
Voltou para o Irã aos 18 anos e teve que se
controlar para aceitar as absurdas regras impostas pelo regime. Estudando Artes
Plásticas na Faculdade de Belas Artes de Teerã encontrou gente que pensava como
ela e assim pôde ter uma juventude relativamente normal. Aos 24 anos voltou
para a Europa, pois se sentiu incapaz de se habituar novamente ao Irã.
Radicou-se em Paris, trabalhando como artista plástica. Em 2000 começou a
publicar ‘Persepolis’, uma série de quatro livros de história em quadrinhos,
autobiográficos, narrando desde a sua infância, a história, os costumes, as
relações familiares e sociais no Irã no período de 1978 até os anos 90. Além da
história de seu país, nos conta histórias que muitas crianças e jovens viveram
nos anos 80 e 90, com toda a busca por liberdade e os gostos culturais desta
época.
Obras publicadas no Brasil
Gênero: HQ
Ano de Publicação: em 2000 a 2003 na França e em 2007 no
Brasil
Páginas: 352
Tradução: Paulo Werneck
Edições/Editoras no Brasil: Quadrinhos na
Cia.
Gênero: HQ
Ano de Publicação: em 2004 na França e em 2008 no Brasil
Páginas: 88
Tradução: Paulo Werneck
Edições/Editoras no Brasil: Quadrinhos na
Cia.
Gênero: HQ
Ano de Publicação: em 2003 na França e em 2010 no Brasil
Páginas: 136
Tradução: Paulo Werneck
Edições/Editoras no Brasil: Quadrinhos na
Cia.
Por que seus livros merecem ser lidos?
Marjane Satrapi domina a arte da narrativa
gráfica. Suas histórias, que são autobiográficas, nos conduzem para outra
cultura, outros tempos e nos permitem entrar e descobrir a mente da autora e
dos demais personagens de suas graphic
novels. Seu traço, cheio de estilo e de personalidade, é simples, porém
expressivo, e casa perfeitamente com o ritmo de seus roteiros. Nesses tempos de
pós-Primavera Árabe e em que tanto se fala sobre terrorismo, Estado Islâmico e sobre
o próprio Irã e seu malquisto programa nuclear, ler ‘Persepolis’ é descobrir
alguns episódios da história árabe e do Irã e também descobrir que todos nós,
não importa quão diferentes cultural e religiosamente somos, lá no fundo temos
os mesmos anseios, preocupações, sonhos e medos.
Ler a obra da autora também é descobrir o
quão rico é o universo dos quadrinhos e quantas infinitas possibilidades de
linguagens e comunicação ele possui. Quem só consegue pensar em super-heróis
quando se lembra de HQs terá seus horizontes expandidos ao entrar em contato
com o tipo de graphic novel que
Satrapi produz. Quem não lê quadrinhos corre o grande risco de se apaixonar
pela 9ª arte. A iraniana sabe bem o que faz.
Fontes
das Informações:
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