Resenha: Quem é você, Alasca?, John Green, W. F. Martins Fontes
A minha primeira impressão
sobre o John Green não foi das melhores. Ao ler “Will Grayson & Will
Grayson”, fruto de sua parceria com David Levithan, fiquei totalmente
decepcionada com os personagens, estilo de escrita e tudo o mais. Pensei que
nunca mais leria algo do John Green. Mas quando fui à livraria da minha cidade
este mês, e encontrei uma edição de colecionador do “Quem é você, Alasca?”, eu
simplesmente tive que comprar. “Mas que bobagem julgar um livro pela capa!”,
talvez você diga. Concordo: é mesmo uma bobagem. No entanto, penso que o que
fiz nesse caso não foi apenas comprar o livro pela sua bela edição – foi dar
uma nova chance ao escritor e tentar tirar o “gosto amargo” que a primeira
experiência com sua escrita deixou na minha “boca”. Bom, deu certo.
Miles Halter é um adolescente fissurado por célebres últimas palavras que, cansado de sua vidinha pacata e sem graça em casa, vai estudar num colégio interno à procura daquilo que o poeta François Rabelais, quando estava à beira da morte, chamou de o "Grande Talvez". Muita coisa o aguarda em Culver Creek, inclusive Alasca Young, uma garota inteligente, espirituosa, problemática e extremamente sensual, que o levará para o seu labirinto e o catapultará em direção ao Grande Talvez.
Fonte: http://www.skoob.com.br/livro/141267ED459213-quem-e-voce-alascaa
Este é um dos inúmeros
Best-Sellers YA (livros para jovens adultos) que fazem sucesso ultimamente. Mas
preciso admitir que sua qualidade é bem acima da média se comparado com outros
do mesmo estilo. Alasca Young, a co-protagonista que dá nome ao título, é tão
misteriosa para o leitor quanto para Miles, personagem principal. Tanto
pela construção psicológica da Alasca feita pelo autor, quanto pela capacidade
que nós, adultos, vamos perdendo com o passar da idade de lembrar como era ser
um adolescente e pensar como um adolescente. Por isso acho tão bacana esse
reencontro com quem fomos através da Literatura (um livro que também
proporciona isso, mas com a infância, é “O oceano no fim do caminho”, cuja
resenha você pode ler aqui).
A sensação contínua de não
pertencer a lugar nenhum, os traumas de infância, a estranheza do processo de
crescimento e amadurecimento e outras tantas coisas que nos afligem quando
jovens são muitíssimo bem exploradas na obra. John Green é saudado por seus
leitores por saber, como ninguém atualmente, entender a mente coletiva e os
anseios da juventude atual. Concordo.
Diálogos rápidos e que, mesmo
quando em situações corriqueiras, trazem consigo uma profundidade muito
bem-vinda nesses tempos de Literatura rasa, fazem a leitura fluir com
facilidade. Os capítulos do livro são contados como dias que antecedem um
grande acontecimento – que, confesso, me deixou perplexa. Eu jamais imaginaria
o que acontece no livro. Com certeza você também vai ficar bastante surpreso.
Com um final que “cheira” à
calmaria pós-tempestade, John Green nos brinda com um desfecho à altura de todo
o seu livro, que não, não é espetacular. Mas é bom, do tipo que pode agradar
aos adolescentes ou a leitores mais experientes. Valeu à pena dar uma segunda
chance para o cara.
Minha edição:
Nota:
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